No 3º dia, júri de Bruno é adiado para 2013 e Macarrão liga goleiro ao crime
Macarrão dá versão sobre Eliza e diz que Bruno 'ia levar ela para morrer'.
Juíza deu mais tempo para novo advogado do goleiro conhecer processo.
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Bruno deixa fórum após adiamento do julgamento (Foto: Mauricio de Souza/Hoje em Dia/Estadão Conteúdo)
A terceira sessão do júri popular do caso Eliza Samudio, que durou da
manhã de quarta até a madrugada desta quinta-feira (22) no Fórum de
Contagem, em Minas Gerais, foi marcada pelo interrogatório do réu Luiz
Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, que disse ter levado de carro a
ex-amante do jogador até um local indicado pelo goleiro, em Belo
Horizonte, onde a jovem entrou em um Palio. "Ele ia levar ela para
morrer", afirmou sobre a ordem recebida.Macarrão disse à juíza que não sabia o que iria acontecer com Eliza, mas que "pressentia" que a jovem seria morta. Ele afirmou ainda que alertou Bruno sobre o que podia acontecer, mas que o goleiro pediu para ele largar "de ser bundão". "Falou que era para deixar com ele", disse o réu antes de começar a chorar no plenário.
O júri também encerrou a fase dos depoimentos de testemunhas de acusação e de defesa após ouvir no plenário duas pessoas: Sônia Fátima de Moura, mãe de Eliza Samudio, e Marcos Vinícius Borges, amigo de infância de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. A pedido da advogada de Fernanda Castro, também foram exibidos depoimentos em vídeo de José Roberto, caseiro do sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), e de Gilda Maria Alvez, mulher dele.
Macarrão começou a ser ouvido por volta das 23h e
falou durante 5 horas (Foto: Vagner Antônio/TJMG)
O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro exibiu ainda, durante
cerca de uma hora e 40 minutos, reportagens de diversos veículos de
comunicação sobre o caso Eliza Samudio. Os jurados acompanharam atentos,
mas demonstraram sinais de cansaço devido ao longo tempo de júri. Antes
do fim da sessão, foram lidos documentos periciais e depoimentos de
outras testemunhas.falou durante 5 horas (Foto: Vagner Antônio/TJMG)
O júri popular, que teve início com cinco réus, segue com apenas dois acusados: Macarrão e Fernanda. Ele é acusado de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver. Ela é acusada de sequestro e cárcere privado de Eliza e de Bruninho, filho que a vítima teve com o goleiro.
A Promotoria acusa o jogador, que era titular do Flamengo, de ter arquitetado a morte da ex-amante, em crime ocorrido em 2010, para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno, sua ex-mulher Dayanne Rodrigues e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram o júri desmembrado pela juíza Marixa e serão julgados em 2013.
Fernanda é próxima interrogada
Depois do interrogatório de mais de cinco horas de Macarrão, o júri popular ouvirá Fernanda Castro, namorada de Bruno à época dos fatos. A sessão está marcada para começar às 13h30 desta quinta-feira. Terminada a chamada fase de instrução, em que as provas são apresentadas, terão início os debates com argumentos da acusação e da defesa para tentar convencer os jurados.
'Não sou esse monstro'
Antes de falar ao júri, Macarrão ouviu a leitura da denúncia contra ele e disse para juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues que a acusação "em partes é verdade" e que ele não falou, em depoimentos anteriores, tudo que sabia sobre Eliza. "Quero deixar bem claro para a senhora que eu não sou esse monstro que as pessoas colocaram", disse Macarrão. "E hoje eu vou falar tudo que a senhora queira ouvir da minha boca e colaborar com a verdade dos fatos".
Macarrão é interrogado pelo júri popular no Fórum
de Contagem, Minas Gerais (Foto: Leo Aragão/G1)
Macarrão disse que Bruno conheceu Eliza Samudio durante "orgia no apartamento"
e que, tempos depois, o goleiro contou que achava que a jovem estava
grávida. O réu afirmou que não levou Bruno a sério, mas que o goleiro
iria encontrar Eliza para conversar. Meses mais tarde, Bruno retomou o
assunto e confirmou que "a garota estava grávida mesmo".de Contagem, Minas Gerais (Foto: Leo Aragão/G1)
O réu disse que Bruno estava estranho ao telefone, no dia 10 de junho de 2010, e que o jogador pediu que ele levasse Eliza Samudio até um ponto da Pampulha, onde teria uma pessoa esperando por ela. "Ele falou que ia...", começou a contar. "Antes de dizer o que ele ia fazer, eu quero dizer que eu disse pra ele deixar aquela menina em paz".
Mais tarde, questionado se estava mais aliviado por contar o que aconteceu, Macarrão respondeu: "Eu guardei tudo isso. Eu não aguentava mais, eu não sou esse monstro que todo mundo colocou [...] Se tem alguém aqui que acabou com a vida, foi ele [Bruno] que acabou com a minha vida".
"Graças a Deus eu tirei esse fardo carregado há dois anos das minhas costas. Eu não quis prejudicar ninguém nesse processo", disse Macarrão ao final do interrogatório. "Eu ponho a cabeça no travesseiro tranquilo de que eu fiz tudo para evitar isso [...] Eu não participei".
Após a decisão da Juíza em adiar o julgamento de Bruno para março de 2013, ela está apenas adiando a condenação do mesmo. O depoimento de Macarrão, maior amigo do goleiro, deixa-o em maus lençóis, principalmente da condenação de Macarrão. É só aguardar o desfecho desse crime que chamou a atenção de todo o mundo!
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